quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Consciência Negra


Zumbi está em cada um de meus atos

Hoje é o Dia da Consciência Negra. Pelo fato de ser um dia de agenda lotada, não consegui escrever algo novo sobre a data. Mas, nas escolas e Universidades, nas conversas, demonstrações de Capoeira, palestras, constatei que os argumentos contrários também são os mesmos. Logo, resolvi fazer uma compilação de algumas discussões feitas em nosso grupo de estudos virtual relevantes ao dia de hoje.
            Algumas das falas levantaram o nome de Morgan Freeman, que discursou em vídeo contra a Consciência Negra; outras, contra as Cotas; e ainda, sobre a questão eleitoreira na criação de um feriado em homenagem ao líder quilombola.

Sobre Morgan Freeman

Morgan Freeman é um excelente ator, mas não sente a necessidade da oportunidade de discussão que a data oferece por ser milionário; logo, as agruras sofridas pelos negros pobres dos guetos americanos não afetam alguém com o perfil sócio econômico dele. A cor dele passa a não mais ser percebida. Quanto mais rico, menos será visto como negro  pelos outros e por ele mesmo. Dinheiro e invisibilidade são antônimos.
Quando ele pergunta "qual é o mês da consciência branca?", a resposta é fácil: todos os outros onze meses do ano, já que o que domina nas Américas é o ideário eurodescendente.

Sobre o argumento de que somos todos iguais

A diferença já existe e só não vê quem não quer. Datas como essas são vitais para a discussão dos problemas e para lembrar de Zumbi e sua luta. O termo Consciência Negra é simbólico e veio somente na década de 1970. Portanto, não esqueçamos que mesmo sem os problemas étnico-raciais, Zumbi sempre deverá ser lembrado.
Os pobres não-negros também sofrem, claro; mas, a possibilidade de ascensão é maior. Não podemos esquecer que 70% das pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza são negras, que, antes das Cotas, não chegava a 10% o número de negros nas Universidades; que a população carcerária é formada por 60% de afrodescendentes; que os maiores salários são dos homens brancos; que quem mais sofre no atendimento à saúde é o negro etc. Isso tudo sendo o 2º país em quantidade de habitantes negros no mundo (1º é a Nigéria).

Sobre Cotas

Cota de acesso à Universidade não é benefício; é reparação histórica; é justiça. Findará quando existir equidade étnico-social no Brasil.
Nos Eua, as ações afirmativas mudaram pelo fato de que, em 40 anos, a classe média negra quadruplicou.
Não há como tratar igualmente os desiguais. E essa é a premissa das Cotas nas Universidades.

Sobre o feriado

O dia 20 de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra por lembrar de Zumbi dos Palmares, que foi esquartejado em praça pública por ter lutado a favor da justiça, liberdade e igualdade do povo negro. Não é uma data que foi criada por políticos safados para ganharem votos; mas, sim, fruto da militância negra ancestral para que as pessoas tenham um mínimo de consciência social e histórica do Brasil.
Aliás, por que as associações comerciais não batalham também para derrubar o feriado de Tiradentes? Ou dos feriados da Igreja Católica? Nosso Estado é laico ou eclesiástico?
O Brasil possui onze feriados nacionais; destes, seis são ligados às datas sagradas da Igreja Católica e cinco são datas cívicas. Quando se cogita um (apenas um) feriado relacionado a um herói que fuja do etnocentrismo imperialista – como se pode ver nas qualificações dos feriados – ou a datas específicas de outras religiões, a guerra estará armada.

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