terça-feira, 24 de abril de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 04 25

Nossos heróis

            Mais um feriado de Tiradentes passou... Este ano, o dia de Zumbi cairá numa terça-feira e mais uma vez, os comerciantes e suas associações gritarão contra.
Quando existirá a equiparação de nossos heróis?

Desvio e Roubo

            Neste ponto, concordei com a jornalista Lillian Witte Fib e por isso parafraseio-a. Quando é relativo ao “grandão”, ao homem da camisa com botões e colarinho branco, mais especificamente aos políticos, a ação chama-se “Desvio de dinheiro púbico”; quando é relativo ao “pé-de-chinelo”, ao que entra no fundo do quintal, ao pobre, a ação é “Roubo”.
Esse é o dia-a-dia no País dos rodeios e dissimulações.

Operação Gato Félix na PF

            No final de 2011, por iniciativa do Professor Marcos Canetta (Bloco Liberdade), algumas lideranças (Vereadores de Fpolis. Badeko e Ricardo, Dr. Lima, Prof. Marcos Moita, Dr. Vargas, Paulinho, Rony Costa, Mestre Tuti, Delegados Ildo Rosa e Cardoso) protocolaram denúncia de racismo na Polícia Federal contra uma página – chamada “piadas de pretos” - da rede de relacionamentos Facebook.
Os responsáveis foram presos recentemente em São Paulo. Vitória!

Decreto 4887/2003: Adiamento

O Decreto 4887/2003, que define o que são quilombos e estabelece os procedimentos administrativos para a titulação de suas respectivas terras, considerado inconstitucional pelo DEM, teve decisão sobre sua constitucionalidade adiada depois do pedido de vistas feito pela Ministra Rosa Weber.

Indenização a Quilombola
Por: Caroline Spricigo

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou, nesta semana, a sentença que determina ao Estado de Santa Catarina pagar R$ 20 mil a título de indenização por danos morais à Comunidade Quilombola São Roque, no município de Praia Grande (SC), e outros R$ 20 mil a um membro do grupo, vítima de abordagem policial considerada abusiva.
Em janeiro de 2007, durante uma busca policial a um suspeito de homicídio cometido na região, um grupo de policiais abordou um integrante da comunidade quilombola que alimentava animais. Conforme depoimento prestado em juízo, o homem relatou que foi revistado, teve as mãos amarradas e armas apontadas para a cabeça e para o peito e que sua identificação só foi permitida após insistentes negativas de autoria do crime de que era acusado. Depois de certificarem-se de que não se tratava do suspeito perseguido, os policiais teriam ido embora sem manifestar qualquer pedido de desculpas pelo constrangimento causado.

Semana de Jorge
            Eu também sou da sua companhia! Dedico a ele as minhas vitórias e peço forças para continuar firme na arena. Salve, Jorge!


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 04 18

Momento mágico

Em 2006, estávamos em Petrópolis (RJ), em um evento do Mestre Vuê, quando mais uma vez presenciei a grandeza do Mestre João Pequeno de Pastinha. Era uma parte da programação em que os alunos poderiam fazer perguntas aos Mestres presentes. Eis que alguém pergunta ao capoeira mais vivido do Universo: - Mestre, como seria o mundo sem a Capoeira?
Não consigo transcrever de forma literal a resposta, mas o grande João Pequeno, antes de ser aplaudido de pé, disse algo como: - A palavra Capoeira vem dos vocábulos Indígenas (Tupy) “Caã” e “Puerá” que significam “mato rasteiro”, “mato que está crescendo”. O mundo sem mato crescendo é um agreste; um deserto sem vida. Capoeira é vida!
Considero essa pequena história também uma forma de homenagear aos Índios pela resistência em um País que insiste em excluí-los.


Regulamentação Quilombola - Decreto 4887/2003
Por Daiane Souza e Drielly Jardim (FCP)

A democracia brasileira está em processo e precisa ser aprimorada. Um dos caminhos para o seu aperfeiçoamento é a participação da comunidade negra no desenvolvimento do país em igualdade de condições e oportunidades, e nos resultados do progresso. Foi esta população a principal executora dos trabalhos de construção da sociedade brasileira nos mais diversos aspectos, mas que por décadas não foi enxergada como cidadã. 
As lutas pelo acesso aos direitos são constantes, especialmente por parte das comunidades quilombolas e um dos principais avanços legais nesse sentido está prestes a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF): o Decreto 4887/2003. O documento define o que são quilombos e estabelece os procedimentos administrativos para a titulação de suas respectivas terras.
De acordo com Ubiratan Castro, diretor da Fundação Pedro Calmon da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e ex-presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), as comunidades remanescentes de quilombos estão entre as principais riquezas do país. São espaços de preservação da história e onde se projetam a identidade étnica e a solidariedade mútua, valores já não tão observados na grande sociedade.
            Em Biguaçu, existem locais carentes de estudos para a obtenção da titulação de comunidades quilombolas.

Próximas atividades

            Nas comemorações de aniversário do município de Biguaçu, início de maio, a Associação Cultural Capoeira na Escola marcará presença com um estande em que serão oferecidos: acarajé; produtos de Capoeira e ainda disponibilizará às crianças acesso a jogos de vídeo específicos (Berimbau Hero, Capoeira Legends, Tekken). A meta é contribuir para a divulgação da cultura afro.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 04 11

Realengo, um ano depois
           
Eu deduzo que é isso o que ele quer: que falemos o seu nome, para que seja lembrado e para que a audiência de seu programa na TV seja alta. Como escrevi há pouco tempo sobre o seu conservadorismo e ideias retrógradas (resolver tudo no cinto; exaltar que no tempo da ditadura é que era bom; que pobre não deveria ter carro e etc.), dessa vez não vou nem citar o seu nome, pois ele não merece.
Na semana passada, a estupidez originada nesse ser arcaico descrito acima foi afirmar que “Capoeira e ficar batendo tambor não levam a lugar algum”. Lembrei-me de alguns dados que eu poderia escrever à emissora para esbravejar a minha insatisfação e contestar o argumento débil solicitando providências: são mais de cento e cinquenta países que praticam Capoeira; grande parte dos turistas que visitam Salvador (Bahia) vem motivada pela busca de aprofundamento em Capoeira; após 16 anos de aulas em Biguaçu, eu poderia indicar dezenas de profissionais (Engenheiros, Advogados, Médicos, Profissionais de Educação Física, Modelos, Filósofos, Administradores, etc.), bem como, os familiares e próprios alunos com deficiência para darem os seus relatos em defesa de nossa arte, mas fiquei remoendo-me um pouco mais antes de escrever.
Fiz bem! O maior testemunho da importância da Capoeira veio no programa “Fantástico” na reportagem que descrevia sobre como está a comunidade um ano depois que um psicopata invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, bairro da cidade do Rio de Janeiro. As doze crianças mortas darão nomes a creches; as famílias serão indenizadas pela prefeitura; a escola foi remodelada de acordo com as solicitações dos próprios alunos e dos familiares, tendo inclusive pinturas artísticas das crianças nas paredes; e, apesar de toda a dificuldade, a comunidade sente a necessidade de fazer ressurgir a alegria tão importante para que a vida siga. Justo nesta fala aparece na tela a imagem de alguns adolescentes da escola “batendo tambor, praticando o Maculelê e jogando Capoeira”, felizes da vida!
Pronto: a associação da Capoeira com o ressurgimento da alegria – tal qual um Fênix, o lendário pássaro africano que renasce das cinzas – ocorrida em Realengo é uma ‘rasteira’ no atrasado “jornalista” e seus adeptos.

Berimbau Hero

            O sítio da Associação Capoeira na Escola agora disponibiliza o jogo “Berimbau Hero”. Entre no endereço: www.capoeiranaescola.org.br e acesse o jogo virtual na aba à direita da tela. Será diversão garantida.

Próximas atividades

·         Roda de Capoeira Regional, às 10h, no Casarão Born. Centro de Biguaçu; e
·         Roda e Aniversário da Contramestra Rosa, às 16h, na Avenida Beiramar de São José.

Quadra (Cantiga de Capoeira)

"Oração de braço forte,
oração de São Mateus;
Quando amanheço zangado
quem pode comigo é Deus, camará
Água de beber,
Água de beber, camará"

terça-feira, 3 de abril de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 04 04

Os “Tigres”

            No início do século XIX, o Brasil não possuía sistema algum de tratamento dos resíduos das casas. No Rio de Janeiro, viajantes descreviam a situação como deplorável: eram ratos aos milhares; fezes e urina jogadas pela janela sem preocupação com quem passasse por baixo; muita proliferação de insetos e ainda o calor enorme. O cenário perfeito para a propagação de inúmeras doenças. Os “cientistas” da época não permitiam nem o uso de fossa, pois afirmavam que o lençol freático era muito próximo e poderia ser contaminado.
            A única opção era jogar os resíduos no mar, tarefa que, obviamente, sobrara aos cativos. Latas enormes eram carregadas e por vezes derramavam sobras dos excrementos nas próprias costas. A ureia e a amônia, contidas na urina, em contato com o sol, produziam marcas malhadas nos corpos de tal modo que os negros impostos nessa função recebiam o apelido de “Tigres”.
            Há relatos de atividade dos “Tigres” até 1860, no Rio de Janeiro, e até 1882, no Recife, e isso é argumento para alguns estudiosos que tentam justificar a demora da instalação das redes de saneamento no litoral brasileiro.
           
Língua Brasileira

            Um dos motivos da Língua Portuguesa de Portugal ser muito diferente da Língua Portuguesa do Brasil é o fato de aqui ter acontecido um confronto entre o idioma europeu com as línguas bantas e indígenas.
            A professora Yeda Castro, pesquisadora do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros em Línguas e Culturas da Universidade do Estado da Bahia, assinala algumas características marcantes dessa influência: a pronúncia rica em vogais (ri.ti.mo, a.di.vo.ga.do); a nossa sintaxe – tendência a não marcar o plural do substantivo (os menino, as casa, dez hora); a dupla negação (não quero não); o emprego preferencial da próclise (me dê, eu te disse); e a troca de palavras usadas em Portugal pelas usadas nas tribos e aldeias africanas ou indígenas, tais quais usamos: “Caçula”, em alusão ao filho mais novo em vez de “Benjamim”; “Capenga” por “Coxo”; “Cachaça” em vez do europeu “Aguardente”; “Cochilar” por “Dormitar”; “Xingar” por “Insultar”; “Dengo” por “Mimo”; “Marimbondo” por “Vespa”, entre outras.
Fica a dica do livro da Professora Yeda Pessoa de Castro: Falares Africanos na Bahia (ABL/TOPBOOKS.2001).


Roda da Vela

            Não esqueçam: amanhã (05/04) acontecerá a Roda da Vela no Centro de Artes Marciais (CAM). Será às 20h. Cada participante deverá trazer uma vela e um recipiente (pires). Após a roda, haverá distribuição de canjica.
            O intuito é, tão somente, jogar Capoeira num clima diferente e rústico. O jogo das sombras nas paredes também contribui para a formação de um cenário inesquecível. Participe!