quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Atualização 2020 09 30

Live I

No próximo sábado (03/10), o Fórum da Capoeira da Grande Florianópolis realizará mais uma roda virtual. O tema será a Lei Aldir Blanc, que visa ao atendimento das pessoas jurídicas e físicas que tiveram seus trabalhos comprometidos por conta da pandemia. Junto ao Fórum, participarão desse encontro a senhora Ana Lúcia Coutinho, Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, e Mestre Tuti, representante da Associação Cultural Capoeira na Escola.

            A atividade será transmitida no facebook do Fórum da Capoeira, às 17h.

 


Live II

Já no dia 12 de outubro, a Associação Cultural Capoeira na Escola fará live sobre a relação entre Boi de mamão e Capoeira. Na ocasião, será falado sobre a história desse folguedo tão presente na cultura do litoral catarinense e serão mostrados os processos de construção dos personagens.

A atividade faz parte do projeto “Naquela Capoeira tem um boi... de mamão!”, contemplado no Edital Elisabete Anderle 2019, e será transmitida pelo instagram do Presidente da Accaes, Contramestre Marcelo Corcel (https://www.instagram.com/marcelocorcel/), às 20h.




quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Atualização 2020 09 17

O mundo é uma roda – Por Mestre Tuti
Texto revisado

     

Os capoeiristas mais experientes são altamente eficientes nas analogias entre a roda de Capoeira e a roda do mundo: a personalidade se revela e é a mesma em ambas.

Conhecimentos da prática da Capoeira são vitais e otimizam a vida de quem se propõe a usá-los fora da roda. Uma rasteira pode ser um desencontro em alguma relação profissional, amorosa, familiar, etc., mas que, quando ciente do axé (energia vital) que a Capoeira passa, o cidadão cai amortecendo, sacode a poeira e dá a volta por cima. A sabedoria dos mestres diz até que um bom capoeira não cai, ele apenas escorrega; não quebra, apenas enverga. Diz também que o mundo dá voltas, e nas voltas do mundo muitas vezes os papéis se invertem.

A ginga tem um balanço, um jogo de cintura, necessário para saber que é melhor engolir um sapo pra não ter que engolir um boi em nosso cotidiano. Fintar um golpe para receber um contragolpe e então terminar a ação com um belo desequilibrante é o que caracteriza a tática de segundas intenções do capoeirista veterano, malicioso; ação extremamente útil para evitar confrontos diretos e pegar o adversário – em qualquer área – desprevenido.

O aprendizado por osmose, por espelho ou ‘oitiva’, como queiram, com os mais antigos é capaz de trazer benefícios enormes para quem possui características desfavoráveis à sua realização pessoal, tais como medo e insegurança, ou seja, convivendo com quem tem coragem, usando-o como referência, o mundo com suas agruras será mais fácil de ser enfrentado.

 

Falando em roda...

 

Vale uma imagem para este momento de saudades.



quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Atualização 2020 09 10

Boi de mamão e Capoeira

        Em 2019, a Associação Cultural Capoeira na Escola (Accaes) foi contemplada com o prêmio Elisabete Anderle de Incentivo à Cultura. O objetivo descrito foi o de qualificar a apresentação do folguedo popular do Boi de mamão, já presente nas ações da Accaes, melhorando a conceituação histórica dos agentes culturais envolvidos, bem como, melhorando a estética dos personagens com novos materiais e tecidos utilizados nas oficinas propostas.

Os pontos de intersecção entre o jogo da Capoeira - manifestação cultural difundida mundialmente e reconhecida como patrimônio cultural da humanidade em 2014 – e o folguedo popular do Boi de mamão são mais evidentes do que se possa imaginar. A começar pela origem, ambas as manifestações culturais são heranças culturais dos negros escravizados no Brasil-colônia, que depois receberam influências indígenas e portuguesas (açorianas).

A Capoeira surge como forma de resistência ao sistema escravocrata; já o folguedo do Boi de mamão suscita, desde os ancestrais de diferentes regiões do planeta, a exaltação ao ser mitológico que representa força e vitalidade. Assim, nos domingos à tarde, únicos momentos de repouso, os negros brincavam com o Boi ou, disfarçadamente, dançavam a Capoeira, no intuito de esconder a luta que os libertaria do cativeiro.

A navalha, antigamente usada nas maltas, exaltada na memória histórica da Capoeira, foi trazida de Portugal e assimilada pelos valentes capoeiristas que ajudaram o País a vencer a Guerra do Paraguai. Aos vencedores, a carta de alforria e a possibilidade de morar pelo Sul do Brasil, já que, em sua maioria, moravam no Rio de Janeiro e Bahia, gerando uma miscigenação cultural com habitantes locais.

Dessa forma, o contexto histórico do século XIX proporcionou que se unissem a batucada africana, ‘o boi na corda’ praticado no arquipélago dos açores, a brincadeira domingueira do boi pelos escravizados no Brasil, com o fato dos Jesuítas se aproveitarem do folguedo para incutir valores religiosos como a ressurreição, a fidelidade em detrimento ao adultério etc., o que fez com que o Boi de mamão se tornasse uma manifestação cultural de forte apelo popular.

Por fim, ‘capoeira’ é um termo de origem indígena que significa ‘mato ralo’, ou seja, o mato que acabou de ser roçado ou que alimentou o boi. Com este projeto, a Associação Cultural Capoeira na Escola busca fortalecer ainda mais os laços entre essas duas manifestações tão presentes na cultura da Grande Florianópolis.