quinta-feira, 24 de novembro de 2016

5º Encontro Catarinense de Capoeira Especial

Governador Celso Ramos sedia 5º Encontro Catarinense de Capoeira Especial

Aconteceu no último dia 17 de novembro, em Governador Celso Ramos, a quinta edição do Encontro Catarinense de Capoeira Especial. Duzentos e vinte pessoas participaram do evento, vindos da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), Associação Catarinense dos Portadores da Síndrome do X Frágil, Associação Amigo Down, Lar São Gabriel e das APAEs de Brusque, Biguaçu, Nova Veneza, Camboriú, Garopaba, e de Governador Celso Ramos. Participaram também representantes dos Grupos de Capoeira: Associação Cultural Capoeira na Escola, Gunganagô, Capoeira Brasil, Camará e Acaprás.
A bela cidade de Governador Celso Ramos abraçou a causa do Encontro e a Escola Especial Maria Veríssimo da Silva deu um show de carinho e de organização. Ambos os representantes da Apae anfitriã, Diretora Ana Paula Silva e Luís Roberto Pereira, conhecido como Contramestre Cabrito, destacam que “foi muito gratificante poder ver a aceitação do poder público e das empresas da região para esta proposta. Em qualquer local que apresentávamos a ideia conquistávamos mais parceiros, essenciais para a realização deste momento único para o município.”
O Centro Adventista de Treinamento e Recreação (Catre) abriu as suas portas para receber os capoeiristas de diversas regiões do estado e o Prefeito, Juliano Duarte Campos, foi quem deu as boas vindas, exaltando a importância da atividade e colocando a municipalidade à disposição para novas realizações.



A programação

Após a apresentação das autoridades presentes, o Hino Nacional com a Orquestra de Berimbaus oficializou a abertura que foi seguida pelos relatos de experiência dos municípios que participaram pela primeira vez do Encontro, Garopaba e Camboriú. Em seguida, foi a vez dos Educadores que ministram as aulas de Capoeira de forma inclusiva demonstrarem suas habilidades para a alegria dos capoeiristas com deficiência.
O período da tarde foi marcado pela realização do primeiro Festival de Cantadores, ação que surpreendeu a todos pela qualidade vocal, pelo ritmo e diferentes timbres de voz dos participantes. O capoeirista Max, da APAE de Camboriú, ficou em primeiro lugar, seguido por Uélinton, da APAE de Governador Celso Ramos.
Antes de começar as apresentações por município, que teve Brusque como a primeira roda, a capoeirista Viviane Voss, da APAE de Brusque, fez um relato sobre o prêmio recebido por ela e mais quatro colegas pelo envio de um vídeo educativo à ação do Ministério da Educação intitulada “Pesquisar e conhecer para combater o Aedes aegypti”. Segundo a capoeirista Viviane, “foi uma experiência maravilhosa, uma sensação de que a gente pode, de que a gente consegue.”.
A Apae de Nova Veneza, com a coreografia que mescla: Samba de Roda, Capoeira e Maculelê, foi a segunda a se apresentar. Em seguida, vieram as APAEs de Camboriú e Garopaba. Biguaçu e Governador Celso Ramos, além da Capoeira, fizeram a apresentação da Puxada de Rede. Os usuários da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), junto aos representantes da Associação Catarinense dos Portadores da Síndrome do X Frágil, da Associação Amigo Down e do Lar São Gabriel, fizeram a apresentação final composta por uma roda de capoeira com sessenta pessoas. Todas as delegações receberam medalhas de participação oferecidas pela Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte).

Encerramento

O idealizador do evento e Mestre de Capoeira, Fernando Bueno (Tuti), Educador Físico do Centro de Educação Física da FCEE, fez questão de enfatizar a felicidade dos participantes, agradeceu a presença e empenho das delegações e anunciou o retorno do Encontro Catarinense de Capoeira Especial à FCEE, em 2017.





domingo, 20 de novembro de 2016

A luta de Zumbi continua...

A luta de Zumbi continua...


Os conflitos entre negros e índios escravizados pelos europeus, em particular, portugueses e espanhóis, foram constantes nos quase quatro séculos de escravidão brasileira. Os atos de barbárie contra os negros mantidos a força eram a tônica de um comportamento social permitido à época: legal, jurídico. A escravidão era mantida e permitida pelo Estado Brasileiro e chancelada pela Igreja. O que chama a atenção neste período é a forma de se ver e tratar o outro: uma espécie de animal que falava.
O século XV foi de grandes descobertas científicas, culturais e de identidades nacionais. Incrível como essas iniciativas desenvolvimentistas não foram capazes de deter o processo anticivilizatório que era representado pela economia escravagista no mesmo espaço de tempo. Esse quadro histórico é de suma importância para percebermos que o sistema econômico - quando entendido e desenvolvido através das lentes da justificativa da lucratividade plena - faz pessoas e meio ambiente serem meros coadjuvantes, ou seja, não se medem as consequências imediatas e futuras.
Zumbi entra na história nacional em um desses hiatos históricos. A Serra da Barriga no ano de 1695 transformou-se no maior polo de ações contrárias ao escravismo e aquela forma de vida que sustentava a economia nacional, os privilégios da realeza e das famílias dos senhores de engenho, sem recebimento de salário ou condições mínimas de subsistência. A economia brasileira não conseguiria se desenvolver sem a presença dos africanos no Brasil. Não há nada que tenha sido construído neste país que não tenha a força de trabalho dos povos escravizados como protagonistas.
No continente africano, esses povos formavam nações ricas e cultas, o berço da civilização e do desenvolvimento humano. Pensemos na sociedade egípcia. No entanto, quando pisaram em solo nacional, foram transformados em uma única massa: em escravos negros. Este ainda é o pano de fundo de uma história mal contada e uma Abolição não-conclusa.
Infelizmente, o dia 20 de novembro, data do assassinato e esquartejamento público de Zumbi dos Palmares, ainda é só para os negros. Impressionante como a teoria do embranquecimento ou da branquitude ainda determina os feitos históricos de todos os povos que construíram e sustentam a economia deste país até os dias atuais. A invisibilidade do Poeta Cruz e Sousa, da Deputada Antonieta de Barros e a não aplicabilidade das leis federais 10.639/03 e 11.645/08, comprovam esta atitude preconceituosa, do ponto de vista histórico. Concomitante, pelo menos desde 1991, estamos a viver sobre os ataques de grupos neonazistas. O caso recente e específico da UFSC demonstra como esses grupos racistas e fascistas estão crescendo, sendo fortalecidos e agindo publicamente em espaços de saber e de mudanças comportamentais. A maior Universidade de Santa Catarina não sabe o que fazer para proteger o direito dos alunos negros que ingressam em seus cursos anualmente.
A barbárie que citei acima persiste em ser determinante. A desconstrução do racismo requer a quebra deste autoritarismo eurocêntrico que não reconhece a importância de outras civilizações. A Eugênia ainda é uma teoria que sustenta privilégios embasados na cor, no sobrenome e em uma história inventada. O Estado administrado desta forma ainda não está preparado para reconhecer e trabalhar com as diferenças étnicas.
Quando analisamos os governos das quatro maiores cidades da Grande Florianópolis e do próprio Governo do Estado verificamos que sequer temos um secretário (a) negro (a) no meio de centenas deles. Neste sentido, como as crianças negras irão sonhar um dia em pertencer a este espaço? A desconstrução de um povo se dá quando você impede o seu direito de acessar espaços que são seus por direito. Por isso, a saga de Zumbi ainda continua, pois só o desmonte da escravidão não foi suficiente de garantias constitucionais para os negros. Já se passaram 128 anos da assinatura da Lei Áurea e ainda não atingimos o patamar de igualdade sonhada pelos quilombolas de todo o Brasil.
O caminho a ser percorrido pelos negros brasileiros ainda é tenso e nebuloso. O projeto de enfraquecimento de sua identidade cultural e patrimonial ainda é o grande entrave para que ele se veja e assuma sua negritude abertamente. Desconstruir todas as teorias e grupos racistas não será algo simples e fácil porque não estamos instrumentalizados pela escola, economia, artes e cultura. Este 20 de novembro terá que ultrapassar a comemoração e ganhar as ruas. Precisamos realimentar nossos sonhos de liberdade econômica, cultural e histórica.


Marcos Canetta, Historiador e Professor da Faculdade IES.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Atualização 2016 11 10

5º Encontro Catarinense de Capoeira Especial


            A Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) - por meio do Centro de Educação Física (CEDUF) - e a APAE de Governador Celso Ramos convidam as instituições que possuem aulas de Capoeira para participarem do 5º Encontro Catarinense de Capoeira Especial, a ser realizado no dia 17 de novembro (5ª-feira), das 09h às 16h, no CATRE – Centro Adventista de Treinamento e Recreação (endereço abaixo).
            O Encontro Catarinense de Capoeira Especial surgiu na FCEE, em 2012, depois de um levantamento sobre quantas instituições catarinenses ofereciam aulas de Capoeira de forma inclusiva. Os municípios de São José, Brusque e Nova Veneza já sediaram o Encontro que conta com uma média de duzentas pessoas com deficiência jogando Capoeira.
            Este ano, em Governador Celso Ramos, a expectativa é a de que o número de participantes aumente, tendo em vista que outros municípios já confirmaram presença. São eles: Garopaba, Pinhalzinho, Guabiruba, Camboriú e Rio do Sul; além dos municípios que participam desde a primeira edição: São José (FCEE), Brusque, Biguaçu, Governador Celso Ramos e Nova Veneza.
            As instituições interessadas em participar podem solicitar inscrição nos contatos abaixo:

APAE de Governador Celso Ramos
(48) 3262 0434
(48) 9927 4433
contramestre_cabrito@capoeiranaescola.org.br

Centro de Educação Física (FCEE)
(48) 3381 2428
(48) 9613 2189
tuti@fcee.sc.gov.br

Endereço do evento:

CATRE - Centro Adventista de Treinamento e Recreação
Rua dos Recantos, 664, Praia de Palmas, Governador Celso Ramos, SC
www.catre.org.br

Roda

No próximo sábado, às 16h, haverá roda do Projeto Capoeira na Escola na Praça Central de Biguaçu. Em caso de chuva, a roda será no Centro de Artes Marciais. Participação livre.