terça-feira, 31 de julho de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 08 01

Sobre Capoeira nas Olimpíadas

            Nos anos em que acontecem os Jogos Olímpicos ressurgem as discussões, virtuais ou presenciais, sobre a inserção da Capoeira como esporte olímpico. Ainda mais agora que estamos às vésperas de uma Olimpíada ocorrer no Brasil. De todas as formas que eu posso, argumento sobre a diminuição da nossa Capoeira caso ela se torne olímpica e até rezo para que isso não aconteça.
            Como alguém poderá ser condecorado com a medalha de ouro sendo a Capoeira formada por diversos aspectos (relembremos abaixo)? Se depender de mim, a Capoeira permanece como está; muito bem, por sinal.

Sobre Capoeira nas Olimpíadas II: Capoeira é Esporte?*
*Texto publicado em 2009

A Capoeira é uma arte que engloba diversas artes. Em sua cultura há a música, a dança, a luta, o próprio cinema e o teatro, e também a história, o esporte, o folclore e suas simbologias, a sociologia, a terapia e outras visões oriundas de cada norteador de um trabalho.
Assim, torna-se uma questão complexa a redução de todas essas características apenas à face de esporte, o que é muito discutido entre os Capoeiras. Para alguns grupos é esporte, sim, vide competições, jogos e festivais que ocorrem em todo o planeta e que são divulgados nas mídias específicas; vide também as mega-aulas aplicadas com microfones nas praças e grandes academias. Para outros é simplesmente cultura popular. Por fim, a diversidade é a riqueza da Capoeira.
Por outro lado, seria uma situação tragicômica se todas as diferentes atividades humanas que compõe a Capoeira a impusessem restrições. Imaginemos: “Para ensinar o toque de berimbau, do pandeiro e do atabaque, é preciso a inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil; para elaborar uma apresentação coreográfica é preciso ter curso de Dança ou ser um Folclorista; para promover um diálogo sobre as questões raciais e a diáspora Negra no Brasil é preciso ter especialização em História e Sociologia”; etc.. Aqui caberia o dito popular: “Quando o filho é bonito, todo mundo é pai”.
Soa até como paradoxal: o País proíbe sua prática durante quarenta e sete anos (1890 – 1937) e hoje tem disputas nos braços do poder público para definir o enquadramento da Capoeira.
O fato é que um semestre (quando se tem!) numa faculdade de Educação Física não habilita ninguém para ser um profissional de Capoeira. O curso, na concepção de algumas pessoas, até pode entrar como um complemento ao aprendizado secular que nos chega de fato através da história oral e corporal dos grandes e consagrados Mestres.
A meu ver*, cabe aos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) somente definir quais locais são específicos para a face “Esporte” da Capoeira (academias, clubes etc.) e fiscalizar as possíveis competições, e numa ação de conscientização (não imposição), orientar os novos Capoeiras a buscar o estudo acadêmico. Seria hipocrisia negar a existência de aulas que utilizam a capoeira como recurso de Educação Física (Hidrocapoeira, Ginástica Brasileira etc.). Em relação às outras faces, cabe aos Mestres definir quem é capaz de ser um perpetuador da história de sangue e glória que marca a Capoeira, nossa riqueza imaterial.
* Mestre Tuti.

Próximas ações

- Sexta-feira (03/08): Roda de adultos, às 22h, no Centro de Artes Marciais (CAM);
- Sábado: (04/08): Roda aberta, às 10h, no Casarão Born.
- Festival de Cantigas no dia 25/08.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 07 25

Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha

A data foi criada em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana. Estipulou-se que este dia seria o marco internacional da Luta e da resistência da mulher negra. Desde então, sociedade civil e governo têm atuado para consolidar e dar visibilidade a essa data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem essas mulheres, explícita em muitas situações cotidianas.
A Coordenadoria de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial (COPPPIR) e a Fundação de Cultura de Florianópolis Franklin Cascaes convidam para a Solenidade em comemoração ao Dia da Mulher Negra - 25 de julho que se realizará às 19h no hall da Fundação Franklin Cascaes (Forte Santa Bárbara, Rua Antônio Luz, 260 - Centro).
Já o Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes de Santa Catarina (CEPA) tem a honra de convidar para participar da palestra sobre “Mulher Negra – Uma Reflexão Contemporânea - Seus Avanços” que será ministrada pela Senhora Maria do Carmo Ferreira da Silva, Assessora para Assuntos Federativos/SASF/SAF e Coordenadora do Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, juntamente com a Senhora Elizabeth da Silva Oliveira, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher - CEDIM/SC.
O objetivo da comemoração de 25 de julho é ampliar e fortalecer as organizações de mulheres negras do Estado, construir estratégias para a inserção de temáticas voltadas para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais. É um dia para ampliar parcerias, dar visibilidade à luta, às ações, promoção, valorização e debate sobre a identidade da Mulher negra brasileira.

Festival de Dança de Joinville

Em breve serão postadas as fotos e vídeos da apresentação da Coreografia “Ponte África-Brasil” no maior evento de dança do mundo - inscrito inclusive no Guinnes Book -, o Festival de Dança de Joinville.
Acompanhe o sítio: capoeiranaescola.org.br


Livro sobre alforrias em SC

O livro “As Camélias do Desterro – A Campanha Abolicionista e a Prática de Alforriar Cativos (1870-1888)”, de Tamelusa do Amaral, trata sobre a capital catarinense numa época em que 20% de sua população era formada por negros sujeitos de um franco processo de alforrias de escravos na cidade.
Tamelusa leu 141 cartas e contratos reunidos em 24 livros referentes ao período pesquisado guardados no Cartório Kotzias, em Florianópolis, para escrever o texto. Leitura imprescindível, primeiro pela escassez de produção nessa área e segundo pela profundidade da pesquisa.
Interessados, entrar em contato com o Núcleo de Estudos Negros da UDESC (NEAB): (48) 3321 8525

terça-feira, 17 de julho de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 07 18

Noite do Conto I

            Sentir-se como um Griot: essa é a proposta da Noite do Conto. Mas, o que é um Griot? É uma expressão que designa o ‘contador de história’, o guardião da memória responsável pela transmissão, de forma oral, de conhecimentos ancestrais dos povos tribais africanos; sendo, assim, de muita relevância para a integração entre jovens e adultos.
            Valem duas citações para entendermos a importância da História Oral. A primeira é a de que a escrita tem aproximadamente quatro mil anos, enquanto a História Oral, quinze mil anos. A segunda é a fala de Amadou HampatêBá, um tradicionalista africano: “Cada velho que morre é uma biblioteca que desaparece”.

Noite do Conto II
           
Segundo Marilene Melo: “Contar e ouvir histórias são formas de manter a socialização entre os indivíduos, compartilhando experiências. O poder de usar a palavra nos possibilita fazer a tarefa do Griot, ouvindo a voz do outro, aprendendo e repassando saberes, reconstruindo histórias, recriando enredos; seremos os portadores das vozes guardadas no passado mais recente, do momento de aculturação da história do povo africano.”.
Dessa forma, não visando somente finais felizes e nem imposição de valores morais por parte dos contadores, a Associação Cultural Capoeira na Escola promoverá a “Noite do Conto”.
Será no próximo sábado, às 19h30, no Casarão Born, Centro de Biguaçu. Sinta-se um Griot e participe da “Noite do Conto”!

Noite do Conto III

            Como forma de garantir um bom andamento do evento, sugerimos alguns procedimentos:
- os temas e formas de expressão são livres e vão de comentários sobre uma música escolhida; sobre a origem de seu nome; contar uma lenda ou história de ninar ouvida quando criança; contos africanos etc.;
- evitar histórias usuais em correios eletrônicos (correntes; ficções virtuais e lendas urbanas); e
- programar para que a sua história não passe de sete minutos, já que haverá várias pessoas aguardando a vez.

Festival de Dança de Joinville

            Na próxima segunda-feira (23/07), a Associação Capoeira na Escola fará a tão aguardada apresentação da Coreografia “Ponte África-Brasil” no maior evento de dança do Brasil, o Festival de Dança de Joinville.
            A coreografia está postada no sítio: www.capoeiranaescola.org.br

“Arraiá” da Capoeira

            O “Arraiá” da Capoeira foi um sucesso. Cerca de quinhentas pessoas puderam saborear as comidas típicas, assistir às apresentações culturais e concorrer aos excelentes prêmios do Bingo.
Muitas empresas apoiaram e foram agradecidas de viva-voz no dia do “Arraiá”; assim mesmo, segue o reforço de agradecimento para as seguintes empresas e poder público: Prefeitura Municipal de Biguaçu; Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer; ASMUB; Fundação Nova Vida; Dimare – Móveis Planejados; Box do Tarzan; Panificadoras: Martins, Marilu e Expedito; Supermercados: Angeloni, Tatiane, Yang, Copal, Mercocentro; Sulcatarinense; Restaurante Vitória Régia; Dudu na Festa; Floricultura Biguaçu; toda a comunidade do entorno da ASMUB e integrantes do Projeto Capoeira na Escola.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 07 11

“Arraiá” da Capoeira

Lá em Salvador (BA), Mestre Bimba organizava a “Fogueira de Bimba”, tradição perpetuada hoje pelo seu filho, Mestre Nenel, que consta de uma confraternização entre os praticantes de Capoeira, familiares e amigos com direito a roda de capoeira, samba-de-roda, comidas típicas etc..
            Nós, do Projeto Capoeira na Escola, mesmo antes de conhecer a tradição citada acima, já realizávamos a nossa Festa Junina, e que agora passa a ter um impulso a mais por causa dessa mesma citação, já que Mestre Bimba é referência de trabalho para todos os capoeiristas.
            Este ano, o “Arraiá” da Capoeira será realizado na Associação dos Servidores Municipais de Biguaçu (ASMUB), no dia 14 de julho (sábado), a partir de 19h30min. Haverá comidas típicas; bingo; quadrilha; puxada de rede; capoeira e, ainda, diversas brincadeiras para as crianças. Entrada livre.

Monografia

            O Instrutor Clone – Gustavo Amorim - apresentou no último dia 06 a monografia para conclusão do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O texto com o título “Entre o Berimbau e o Caderno, a Capoeira como Instrumento de Formação” descreveu sobre o caminho percorrido pela Capoeira da perseguição pelo poder público passando ao reconhecimento como Patrimônio Imaterial do Brasil e chegando à opção de alguns grupos em utilizar a Capoeira como ferramenta de inclusão através da constituição de Organizações Sociais.


COPENE

De 16 a 20 de julho acontecerá o VII COPENE, Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros. Este ano, o Congresso tem como tema “Os Desafios da Luta Antirracista no Século XXI”, e a principal intenção é apresentar e discutir os processos de produção e difusão de conhecimentos intrinsecamente ligados às lutas históricas empreendidas pelas populações negras nas Diásporas Africanas, emanadas nos espaços de religiosidade, nos quilombos, nos movimentos negros organizados, na imprensa, nas artes e na literatura, nas escolas e universidades, nas organizações não-governamentais, nas empresas e nas diversas esferas do poder público.
            O Projeto Capoeira na Escola fará parte da programação do VII COPENE através de uma apresentação cultural no dia 17/07 (3ª), às 15h30min. Todo o Congresso terá a transmissão ao vivo pela empresa Dudu na Festa.
Mais informações no sítio: http://www.abpn.org.br/copene

Iluminada

"As pessoas boas merecem o nosso amor. As pessoas ruins precisam dele."

Madre Tereza de Calcutá

terça-feira, 3 de julho de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 07 04

Subindo a Ladeira

            Juntamente com apresentações de Capoeira feitas por alunos das comunidades e educadores, aproximadamente uma tonelada de alimento não perecível, brinquedos e agasalhos, foram distribuídos no último final de semana em mais uma etapa do Projeto Subindo a Ladeira. A ação da Associação Cultural Capoeira na Escola teve início no ano 2000 e já passou por dezenas de morros, comunidades e instituições. Inclusive, foi depois de uma etapa na Escola Especial Leandro de Azevedo (2001) que surgiu a ideia de aplicação de aulas de Capoeira na APAE - Biguaçu.
            Agradecemos a todos que apoiaram com doações, em especial à Fundação Nova Vida.


Destaques
           
No último domingo (01/07), o Instituto Liberdade (Marcos Canetta e Moita) realizou a 20ª edição dos Destaques da Raça Negra, no Restaurante Praça 11, São José. O evento pode ser considerado uma aula de história que esse ano teve como professores: o Grupo Número Baixo, tocando os sambas da melhor qualidade; o Projeto Capoeira na Escola, com uma roda de Capoeira muito bem fundamentada; e o Mestre de Cerimônia, Marcos Canetta, que somando o seu aos discursos enfáticos dos homenageados proporcionaram muita emoção aos presentes.


Cotas na UFSC

Um dos homenageados no evento descrito na nota anterior foi o Professor Marcelo Tragtenberg, grande batalhador pela implementação das Políticas de Ações Afirmativas da UFSC.
Tragtenberg coroou a premiação com a informação de que as Cotas na UFSC serão mantidas no mesmo formato por mais cinco anos, aliviando desta forma uma preocupação recente do Movimento Negro devido ao fato da mudança do quadro de Reitoria daquela Universidade e da expiração do prazo inicial de iguais cinco anos das Cotas.


Próximas atividades

14/07: Arraiá da Capoeira, às 19h30 – ASMUB (Biguaçu)
21/07: Noite do Conto, às 19h30 – Casarão Born (Biguaçu)
23/07: Apresentação da Coreografia: “Ponte África – Brasil” no “Festival de Dança de Joinville”, às 16h.