Sim!
Porém, não falo da máscara que protege contra a Covid 19, por sua vez,
essencial neste momento de grandes perdas para a humanidade. A máscara à qual
me refiro é a colocada na História do Brasil, insistentemente revisitada por
extremistas de pouco estudo (ou nenhum) com o objetivo de minimizar a diáspora
de sangue, suor, sofrimentos de toda a sorte pelos quais passaram os
escravizados africanos e seus descendentes.
Para esses, não adianta falar que o
processo de escravidão no Brasil foi um genocídio que trouxe a morte de milhões
de pessoas; que atrasou o desenvolvimento do país; que a desigualdade social atual
é também étnica; que o racismo é a herança nefasta daquele período e que fica
evidente quando olhamos os quadros de chefia em qualquer esfera; que as
estruturas privadas e públicas sempre apresentam um tratamento negativo e
diferenciado para os negros brasileiros; e que a Abolição, formalizada em 13 de
maio de 1888, não foi um ato benevolente de abolicionistas e da Princesa Isabel
– tanto que não houve plano estatal para as pessoas antes escravizadas -, mas
uma busca pelo branqueamento da população imposto pela nova força de produção:
o assalariado trabalhador e a influência da indústria emergente na Europa.
Mas como ‘contra fatos não há
argumentos’, quem sabe analisando as rotas de navios negreiros, descobrindo
inclusive o nome dos navios e para onde iam, a quantidade de escravizados, o
número de mortos, a idade e outras estatísticas, possa se iniciar uma queda de
máscara. Isso pode acontecer analisando o site 'slave voyages', um meta-estudo produzido em
parceria por centenas de universidades, que resultou no mais completo banco de
dados sobre a escravidão de africanos nas Américas.
https://www.slavevoyages.org/