Novembro
das resistências
Findando mais um novembro, e longe da pretensão de esgotar todos os fatos ligados à Capoeira e à cultura afro-brasileira, sempre é importante rememorar alguns nomes marcantes em dias diferentes desse mês.
Sobre
Cruz e Souza, o grande poeta brasileiro, nascido na antiga Desterro (hoje
Floripa) no dia 24/11/1861, é motivador estar no Centro da Capital de Santa
Catarina e poder contemplar o lindo e gigantesco painel produzido pelo artista
Rodrigo Rizo.
No
dia 13/11/1981, Mestre Pastinha deixa o corpo para se eternizar na memória de
todos os capoeiristas, independentemente da linhagem que pratiquem.
Já
em 23/11/1899, nascia Mestre Bimba, responsável pela descriminalização da
Capoeira e pela sua expansão no mundo. Em breve aqui, será publicada nota sobre
recente achado de discos de Mestre Bimba em um sebo, datados de 1953 e que
trouxeram novos elementos para estudos sobre Capoeira Regional.
Dos
viventes, vale falar da grande cantora Alcione, aniversariante no último dia 21.
Mas antes, vem ao caso relembrar de um ato marcante para a História do País,
ocorrido no dia 30 de novembro de 1979, em Florianópolis.
A
Novembrada, como ficou conhecido o acontecimento, ocorreu com a vinda do presidente
militar João Batista Figueiredo, o último da Ditadura, a Santa Catarina. Houve
confronto violento no Centro da cidade e o presidente teve que sair às pressas.
O episódio foi retratado mais tarde em um curta-metragem do diretor Eduardo
Paredes, que foi premiado no Festival de Gramado e contou com Lima Duarte como
ator principal, com a presença nas figurações de vários capoeiras (Mestre Pop,
Moriel, Tuti, Júnior, China entre outros) e de diversas personalidades ilhéus no
elenco. O filme completo está disponível no youtube em diferentes canais.
Para
concluir, a relação entre a Novembrada e Alcione, sintetizada em seu
gesto no último fim de semana, está na luta pela democracia, pelo fim da intolerância
em todos os aspectos, sobretudo às religiões de tronco africano e ao próprio
samba, fortalecidos e ressignificados no Rio de Janeiro de outrora, mas
rebaixados e pejorativados por gestores atuais que escondem atrás das bíblias o
que os une: o falso moralismo.
Salve
o novembro negro, salve a Alcione e seu chapéu do malandro capoeirista, Zé Pelintra!