sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Presente de fim de ano

Depois de um ano tão sofrido para todos, receber esta foto como presente é algo motivante. Nela, o professor Algodão-Doce mostra orgulhosamente sua mais recente conquista: a formatura em nível superior no curso de Educação Especial (Uniasselvi).

    Quando recebi a imagem, lembrei-me de boa parte da sua trajetória. Ainda adolescente, o menino Júlio César foi atendido pelo Projeto Capoeira na Escola no Bairro Prado (Biguaçu). Entre aulas e treinos, lá ia ele, com sua bicicleta barra-forte vermelha, o tubo de PVC com várias unidades espetadas da guloseima que lhe rendeu o apelido.

    Moradora do Morro do Ivo, a família grande e carente empenhava-se na produção e venda do doce aliada à entrega de brindes (máscaras e pequenos brinquedos) como forma de aumentar as possibilidades de melhorar a qualidade de vida.

     Por influência do projeto e pensando justamente em melhorar suas condições sociais e econômicas, Júlio se dedicou aos estudos; terminou o ensino médio e prestou concurso público para gari, digna profissão que exerce paralelamente à Capoeira e que proporciona sustento ao lar e apoio aos filhos e neta.

      O desafio de completar uma Faculdade foi vencido e mesmo que durante o curso tenham acontecido algumas perdas de entes queridos, é certo que agora essa vitória esteja sendo aplaudida até no além.

       Professor Algodão-Doce, você é mais um que representa a essência do Projeto Capoeira na Escola. Parabéns!

       E é com essa imagem que a Associação Cultural Capoeira na Escola deseja a todos um ano de 2021 com muita saúde e segurança para que as rodas voltem o quanto antes.        

        Axé!       



segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Atualização 2020 11 30

Novembro das resistências

          Findando mais um novembro, e longe da pretensão de esgotar todos os fatos ligados à Capoeira e à cultura afro-brasileira, sempre é importante rememorar alguns nomes marcantes em dias diferentes desse mês.

Sobre Cruz e Souza, o grande poeta brasileiro, nascido na antiga Desterro (hoje Floripa) no dia 24/11/1861, é motivador estar no Centro da Capital de Santa Catarina e poder contemplar o lindo e gigantesco painel produzido pelo artista Rodrigo Rizo.

No dia 13/11/1981, Mestre Pastinha deixa o corpo para se eternizar na memória de todos os capoeiristas, independentemente da linhagem que pratiquem.

Já em 23/11/1899, nascia Mestre Bimba, responsável pela descriminalização da Capoeira e pela sua expansão no mundo. Em breve aqui, será publicada nota sobre recente achado de discos de Mestre Bimba em um sebo, datados de 1953 e que trouxeram novos elementos para estudos sobre Capoeira Regional.

Dos viventes, vale falar da grande cantora Alcione, aniversariante no último dia 21. Mas antes, vem ao caso relembrar de um ato marcante para a História do País, ocorrido no dia 30 de novembro de 1979, em Florianópolis.

A Novembrada, como ficou conhecido o acontecimento, ocorreu com a vinda do presidente militar João Batista Figueiredo, o último da Ditadura, a Santa Catarina. Houve confronto violento no Centro da cidade e o presidente teve que sair às pressas. O episódio foi retratado mais tarde em um curta-metragem do diretor Eduardo Paredes, que foi premiado no Festival de Gramado e contou com Lima Duarte como ator principal, com a presença nas figurações de vários capoeiras (Mestre Pop, Moriel, Tuti, Júnior, China entre outros) e de diversas personalidades ilhéus no elenco. O filme completo está disponível no youtube em diferentes canais.

Para concluir, a relação entre a Novembrada e Alcione, sintetizada em seu gesto no último fim de semana, está na luta pela democracia, pelo fim da intolerância em todos os aspectos, sobretudo às religiões de tronco africano e ao próprio samba, fortalecidos e ressignificados no Rio de Janeiro de outrora, mas rebaixados e pejorativados por gestores atuais que escondem atrás das bíblias o que os une: o falso moralismo.

Salve o novembro negro, salve a Alcione e seu chapéu do malandro capoeirista, Zé Pelintra!




segunda-feira, 23 de novembro de 2020

9º Encontro Catarinense de Capoeira Especial - completo

        Para quem não conseguiu assistir em tempo real, segue o vídeo do encontro realizado na última sexta-feira (20 de novembro).



terça-feira, 10 de novembro de 2020

Atualização 2020 11 10


O Samba Daqui

           Em 2011, a Associação Cultural Capoeira na Escola participou do curta-metragem “O Samba Daqui”, dirigido por Melina Curi e protagonizado pelo ator Sérgio Mamberti e pelas crianças Manoela Ribeiro e Diogo Silveira (integrante do Projeto Capoeira na Escola à época).

Segue link para relembrar (clique na foto).

 


Rás Bernardo

           No final da década de 1980, havia começado a treinar Capoeira e, como grande parte dos adolescentes de periferia, curtia os sons que embalavam as comunidades: Racionais MC’s, Michael Jackson, muito samba e reggae.

Neste último estilo, Bob Marley era (é) o ícone; Alpha Blondy tinha uma melodia e um protesto pacífico muito próprios; e do Brasil, Tribo de Jah e Cidade Negra foram trilhas sonoras de muitas festas de garagem, daquelas que cada um levava algo para beber e comer, e que na hora das músicas lentas a “pista” ficava quase vazia pela timidez típica da idade (daquele tempo!).

Contextualizado o momento e a pessoa, e sem me caber julgamento, registro a tristeza por ter visto uma reportagem com a situação atual do primeiro vocalista da banda Cidade Negra, Rás Bernardo, alguém que fez parte de minha formação cultural. Depois do grande sucesso no grupo musical, hoje o cantor mora com auxílio de amigos em Florianópolis, numa situação financeira precária, similar a situação de muitos mestres de Capoeira que já se foram.

 


Lei Aldir Blanc: Edital inciso III - Biguaçu

           Conforme anunciado aqui, foi publicado o edital do inciso III da Lei Aldir Blanc em Biguaçu. As inscrições vão até o dia 17 de novembro para as três modalidades: Apresentações Artísticas, Projetos Livres e Lives.

              Clique na imagem para fazer a inscrição de seu projeto. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Atualização 2020 10 28

 Ninguém para a Capoeira

         Lá pelo segundo mês da pandemia eu pensei muito no quão difícil estava sendo aquele momento. O trabalho com as escolas parado, com os adultos graduados só no virtual; sem rodas, sem treinos coletivos, sem eventos para se ter metas; premonizava que aqueles que estivessem sem firmeza de raiz iriam sentir e aproveitar para se escorar justificando o afastamento devido ao isolamento social.

Nesse meio tempo, choveram as “lives”, o que fez com que a introspecção tivesse cada vez mais elementos de autorreflexões. Houve entrevistas em que a energia foi muito negativa e empregada num desperdício de falar mal de outros capoeiristas pelos entrevistados. Violência e extremismo também foram expostos publicamente, em subtextos ou explícitos, o que fez com que eu tivesse que ligar o meu filtro. Fiquei um tanto frustrado por ver diversos potenciais de conteúdo sendo trocados por egocêntricas catarses, aqueles momentos de busca de purificação e extravasamento de traumas.

Por outro lado, vieram também muitas palavras-chave e grandes ensinamentos em relação à força da Capoeira e sua trajetória. Essa arte que nos encanta tem vida própria; é um organismo com seus anseios, fisiologias e hormônios, composto por cada um dos capoeiristas do presente e do passado, mas que nenhum de nós têm o poder de definição da personalidade desse ser. Reforcei em mim a ideia de compromisso com a Capoeira como requisito para se manter nessa ‘biologia’, ou ser um mero e desvinculado admirador.

Certa vez, Mestre Vuê me disse que ninguém para a Capoeira; a pessoa pode ser parada por ela, mas nunca o contrário.

Eu? Resisto, como sempre haverá de ser. E você?


Prêmio de Reconhecimento por Trajetória Cultural

      

O inciso III da Lei Aldir Blanc está sendo gerido pelo Estado, por meio da Fundação Catarinense de Cultura, e também pelos municípios. Nesse inciso, objetiva-se a criação de editais, chamadas públicas, prêmios etc., com o saldo dos recursos não utilizados no inciso I (auxílio emergencial) e no inciso II (subsídios para espaços culturais).

No caso do Estado, na próxima sexta (30/10), haverá uma live no canal da FCC (https://www.youtube.com/user/ImprensaFCC), às 16h, para orientar sobre a participação no Prêmio de Reconhecimento por Trajetória Cultural Aldir Blanc SC. Já em Biguaçu, deve sair um edital relacionado ao inciso III nos próximos dias.

Cabe aos agentes culturais a atenção ao andamento da aplicação da Lei Aldir Blanc em seu município de atuação.



quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Atualização 2020 10 14

Dia dos Professores

        A transformação social positiva passa necessariamente pela Educação, e esse processo tem como agente principal a figura do professor. A Accaes reconhece a importância de todos os professores e personifica essa representação naquele que influencia há décadas os trabalhos do Projeto Capoeira na Escola: Professor Marcos Canetta.

        Ao Mestre, com carinho, votos de força para a luta. Você nos representa!

Na foto, além dos educadores Canetta, Tuti e Corcel, a ativista e também professora Leci Brandão, que em uma de suas vindas a Santa Catarina homenageou todos os professores com a música ‘Anjos da Guarda’.


O Canto do Capoeira II

         Recentemente, Mestre Kadu lançou seu segundo disco de Capoeira intitulado “Canto do Capoeira II”. Além de composições inéditas, há algumas regravações, das quais se destaca a cantiga “Desafio”, brilhantemente declamada pelo Mestre na cerimônia de formaturas da Accaes em 2019.

Clique na imagem para ouvir.

 


Fotos da live “Naquela Capoeira tem um boi... de mamão”.

            Seguem as fotos da live realizada na última segunda-feira (12 de outubro). Em breve, divulgaremos as imagens dos personagens finalizados e depois faremos uma apresentação virtual completa do Boi de mamão.

 

Clique na imagem para ver as outras fotos

 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Live sobre Capoeira e Boi de mamão

       Reforçando a informação, segue cartaz da live que acontecerá na próxima segunda (12 de outubro), sobre a relação entre Boi de mamão e Capoeira.
       Será transmitida às 20h pelo instagram do presidente da Associação Capoeira na Escola, Contramestre Marcelo Corcel (https://www.instagram.com/marcelocorcel/).




quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Atualização 2020 09 30

Live I

No próximo sábado (03/10), o Fórum da Capoeira da Grande Florianópolis realizará mais uma roda virtual. O tema será a Lei Aldir Blanc, que visa ao atendimento das pessoas jurídicas e físicas que tiveram seus trabalhos comprometidos por conta da pandemia. Junto ao Fórum, participarão desse encontro a senhora Ana Lúcia Coutinho, Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, e Mestre Tuti, representante da Associação Cultural Capoeira na Escola.

            A atividade será transmitida no facebook do Fórum da Capoeira, às 17h.

 


Live II

Já no dia 12 de outubro, a Associação Cultural Capoeira na Escola fará live sobre a relação entre Boi de mamão e Capoeira. Na ocasião, será falado sobre a história desse folguedo tão presente na cultura do litoral catarinense e serão mostrados os processos de construção dos personagens.

A atividade faz parte do projeto “Naquela Capoeira tem um boi... de mamão!”, contemplado no Edital Elisabete Anderle 2019, e será transmitida pelo instagram do Presidente da Accaes, Contramestre Marcelo Corcel (https://www.instagram.com/marcelocorcel/), às 20h.




quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Atualização 2020 09 17

O mundo é uma roda – Por Mestre Tuti
Texto revisado

     

Os capoeiristas mais experientes são altamente eficientes nas analogias entre a roda de Capoeira e a roda do mundo: a personalidade se revela e é a mesma em ambas.

Conhecimentos da prática da Capoeira são vitais e otimizam a vida de quem se propõe a usá-los fora da roda. Uma rasteira pode ser um desencontro em alguma relação profissional, amorosa, familiar, etc., mas que, quando ciente do axé (energia vital) que a Capoeira passa, o cidadão cai amortecendo, sacode a poeira e dá a volta por cima. A sabedoria dos mestres diz até que um bom capoeira não cai, ele apenas escorrega; não quebra, apenas enverga. Diz também que o mundo dá voltas, e nas voltas do mundo muitas vezes os papéis se invertem.

A ginga tem um balanço, um jogo de cintura, necessário para saber que é melhor engolir um sapo pra não ter que engolir um boi em nosso cotidiano. Fintar um golpe para receber um contragolpe e então terminar a ação com um belo desequilibrante é o que caracteriza a tática de segundas intenções do capoeirista veterano, malicioso; ação extremamente útil para evitar confrontos diretos e pegar o adversário – em qualquer área – desprevenido.

O aprendizado por osmose, por espelho ou ‘oitiva’, como queiram, com os mais antigos é capaz de trazer benefícios enormes para quem possui características desfavoráveis à sua realização pessoal, tais como medo e insegurança, ou seja, convivendo com quem tem coragem, usando-o como referência, o mundo com suas agruras será mais fácil de ser enfrentado.

 

Falando em roda...

 

Vale uma imagem para este momento de saudades.



quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Atualização 2020 09 10

Boi de mamão e Capoeira

        Em 2019, a Associação Cultural Capoeira na Escola (Accaes) foi contemplada com o prêmio Elisabete Anderle de Incentivo à Cultura. O objetivo descrito foi o de qualificar a apresentação do folguedo popular do Boi de mamão, já presente nas ações da Accaes, melhorando a conceituação histórica dos agentes culturais envolvidos, bem como, melhorando a estética dos personagens com novos materiais e tecidos utilizados nas oficinas propostas.

Os pontos de intersecção entre o jogo da Capoeira - manifestação cultural difundida mundialmente e reconhecida como patrimônio cultural da humanidade em 2014 – e o folguedo popular do Boi de mamão são mais evidentes do que se possa imaginar. A começar pela origem, ambas as manifestações culturais são heranças culturais dos negros escravizados no Brasil-colônia, que depois receberam influências indígenas e portuguesas (açorianas).

A Capoeira surge como forma de resistência ao sistema escravocrata; já o folguedo do Boi de mamão suscita, desde os ancestrais de diferentes regiões do planeta, a exaltação ao ser mitológico que representa força e vitalidade. Assim, nos domingos à tarde, únicos momentos de repouso, os negros brincavam com o Boi ou, disfarçadamente, dançavam a Capoeira, no intuito de esconder a luta que os libertaria do cativeiro.

A navalha, antigamente usada nas maltas, exaltada na memória histórica da Capoeira, foi trazida de Portugal e assimilada pelos valentes capoeiristas que ajudaram o País a vencer a Guerra do Paraguai. Aos vencedores, a carta de alforria e a possibilidade de morar pelo Sul do Brasil, já que, em sua maioria, moravam no Rio de Janeiro e Bahia, gerando uma miscigenação cultural com habitantes locais.

Dessa forma, o contexto histórico do século XIX proporcionou que se unissem a batucada africana, ‘o boi na corda’ praticado no arquipélago dos açores, a brincadeira domingueira do boi pelos escravizados no Brasil, com o fato dos Jesuítas se aproveitarem do folguedo para incutir valores religiosos como a ressurreição, a fidelidade em detrimento ao adultério etc., o que fez com que o Boi de mamão se tornasse uma manifestação cultural de forte apelo popular.

Por fim, ‘capoeira’ é um termo de origem indígena que significa ‘mato ralo’, ou seja, o mato que acabou de ser roçado ou que alimentou o boi. Com este projeto, a Associação Cultural Capoeira na Escola busca fortalecer ainda mais os laços entre essas duas manifestações tão presentes na cultura da Grande Florianópolis.

 





 

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Atualização 2020 08 24

Distanciamento social

    Depois de cinco meses de distanciamento social por conta da pandemia, a Associação Cultural Capoeira na Escola retoma o registro de ações neste site. A base dos trabalhos, o Projeto Capoeira na Escola, continua sem aplicação devido às orientações sanitárias, porém, há muitas informações necessárias que devem ser acessadas pelos praticantes e este canal é um meio de comunicação eficaz para isso.

    Neste meio tempo, as reuniões, treinos de cantigas e ritmos, bate-papos sobre grandes nomes da Capoeira e debates sobre conflitos atuais aconteceram de modo virtual. São encontros semanais de graduados em plataformas digitais que mantém a chama dos vínculos acesa. Quando este momento histórico surpreendente passar, será menos difícil de colocar mais carvão nessa fogueira, pois há uma brasa forte de Capoeira sendo alimentada.


Contra o controle da Capoeira

    De longa data e ciclicamente, uma pequena parcela da comunidade da Capoeira retoma suas articulações políticas em nível federal com vistas a uma suposta regulamentação da Capoeira como profissão. Esquecem-se esses (ou se fazem de cegos) que a Capoeira nasceu com os cativos em busca de libertação; que um controle total do Estado, mesmo que tutelado por pequenos coletivos estaduais de mestres, só poderá trazer a exclusão de muitos praticantes veteranos que querem continuar a sua práxis exatamente como a fazem há décadas; que um ‘Conselho’ determinar quem pode ou não pode dar aulas de Capoeira é uma escancarada reserva de mercado; que qualquer delimitação das nuances da Capoeira é uma redução de sua diversidade, portanto, o seu empobrecimento.

    Cada capoeirista deve ter o direito de se relacionar com a Capoeira da forma que achar mais conveniente: os que são atletas que façam seus campeonatos; os que são historiadores que escrevam seus livros e profiram suas palestras; os que são jogadores, que joguem até desmaiar de cansaço; os que são músicos que cantem até a voz exaurir; os que querem tê-la como a sua profissão que a exerçam do modo mais responsável possível; e aqueles que querem ser isso tudo (e muito mais) que o façam sem querer que os demais sigam a mesma trilha. Afinal, ninguém consegue resumir a Capoeira ao seu olhar individual.

    Por conta disso, a Associação Cultural Capoeira na Escola posiciona-se contrária à regulamentação da Capoeira como profissão e coaduna com o Colegiado de Mestres de Capoeira de Santa Catarina.


9º Encontro Catarinense de Capoeira Especial – Edição on-line

    Quantos sonhos adiados... Se é difícil manejar e manter o controle emocional neste momento trágico, imagine para uma pessoa com deficiência. O Encontro Catarinense de Capoeira Especial é sempre um sonho que se renova a cada ano. Finda uma edição e já se pensa na próxima: quando vai ser a viagem, quando receberão outra medalha de participação, quando verão os amigos de outras cidades, quando poderão participar novamente daquela linda festa da inclusão?

    Por pensar em não deixar essas respostas e o sonho para o próximo ano, os mestres e professores que trabalham com Capoeira Especial em diferentes municípios já iniciaram as conversas para a realização da edição on-line desse encontro.

    Aguardem as novidades.



quarta-feira, 11 de março de 2020

Atualização 2020 03 11


Aniversário do Projeto Capoeira na Escola

No dia 11 de março de 1996, o Projeto Capoeira na Escola iniciou suas atividades em Biguaçu. A comemoração será no próximo sábado (14/03), às 15h, na Praça Central.
Aos participantes solicitamos a colaboração por meio de um prato doce ou salgado para compor a mesa que será servida após a roda.
Em caso de chuva, a roda será no Centro de Artes Marciais (CAM).



Felicitação I

          Em nome da Associação Cultural Capoeira na Escola, Mestre Tuti parabeniza Mestre Pop por recente premiação recebida em Salvador.
O pioneiro de um trabalho contínuo de Capoeira em Santa Catarina foi condecorado com o prêmio Berimbau de Ouro pelos serviços prestados à Capoeira catarinense.
Parabéns, Mestre Pop!
           

Felicitação II

            Felicitações também ao Mestre KB Lera e ao Grupo Camará pelos 30 anos de Capoeira em Brusque e pelos 20 anos de Capoeira na APAE do município.
            Vida longa!



sábado, 7 de março de 2020

Reinício das aulas do Projeto Capoeira na Escola


A partir da próxima segunda-feira, retornam as aulas em todos os núcleos atendidos pelo Projeto Capoeira na Escola, em Biguaçu.
A rematrícula dos alunos antigos está confirmada. Para alunos novos, as inscrições estão sendo realizadas nas escolas atendidas e na Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer (Secetul).
Mais informações pelos fones:
(48) 3094 4126 – Secetul
(48) 98444 7439 – Contramestre Corcel
(48) 99613 2189 – Mestre Tuti



quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Roda de Verão 2020


Piedade é o nome de um bairro de Salvador (Bahia) com uma bela praça e que ficou eternizada numa cantiga de Capoeira cantada por Mestre Gildo Alfinete: “Quem quiser me ver, vá na Piedade amanhã...”.
Tal qual na Bahia, por aqui também existe uma Piedade e o nome completo é Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos. Naquele local houve uma armação baleeira de extração de óleo pelos escravizados no século XVIII. Inclusive existe ali um cemitério com centenas de ancestrais africanos e indígenas descobertos em sambaquis.
Nesse espaço de grande importância histórica acontecerá a Roda de Verão do Projeto Capoeira na Escola. Será no próximo sábado (1º/02), às 16h30, em frente à Igrejinha da Armação da Piedade. A participação é livre.
Antes da roda, às 15h30, acontecerá uma apresentação na programação de verão da Prefeitura de Governador Celso Ramos, nas proximidades do posto de guarda-vidas da Praia de Palmas.



quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Mensagem

Martin Luther King Jr. e a corredora de Biguaçu.
Por: Fernando Bueno (Mestre Tuti)

           Eu senti no meu organismo os benefícios da corrida de rua faz uns cinco anos, mas confesso que, mesmo treinando capoeira, jiu-jitsu e musculação há décadas, correr é uma atividade um tanto quanto sofrida para mim. Caso não existisse o prêmio do prazer das endorfinas pós-esforço, certamente eu já teria parado de correr.
        Embora já tenhamos participado de algumas competições, eu e minha companheira (Lelê) temos a autoconsideração de sermos amadores dos amadores. Não temos pretensão, nem genética e nem idade para competir para vencer uma prova, muito menos de vivermos somente para este esporte viciante. Por outro lado, o fato é que, mesmo que despretensiosamente, fazendo sol, chuva, frio, calor, estamos rotineiramente treinando nossas corridas.
         Dia desses, feriado numa quinta-feira, o treino programado era o de fazer tiros de 1km com uma velocidade maior do que a objetivada para uma prova. São estímulos que fortalecem a resistência à velocidade, ou seja, quando correr no ritmo de competição (meta pessoal), o atleta conseguirá manter esse ritmo por mais tempo. O local escolhido foi o belo Loteamento Deltaville, em Biguaçu (Grande Florianópolis - SC).
           Nos intervalos dos tiros, um breve descanso e avistávamos uma senhora com passada firme, não muito rápida, mas contínua. Falamos juntos: “Essa é corredora!”. Coincidentemente, terminamos nosso treino e quando estávamos nos dirigindo ao carro, ela estava chegando ao dela, estacionado em frente ao nosso. Para descontrair, perguntei se por hoje bastava de treino. A conversa pegou e ficamos uns quarenta minutos ali, entre endorfinas, risadas e aprendizado.
        O nome dela é Elza. Havia acabado de correr 10km como último treino “leve” antes de sua primeira maratona, a ser disputada no domingo seguinte, em Florianópolis. Isso, por si só, já impressiona, pois como diz o doutor e corredor Drauzio Varella: “Maratona não é para aventureiros”. Acontece que ela já havia participado de mais de vinte meia-maratonas e mais de duzentas provas no total. Sente-se: em menos de cinco anos! Portanto, ela estava longe de uma aventura, e, em vez disso, muito perto da realização de um sonho a ser conquistado com muito suor.
         Fazendo um paralelo aos treinos de Capoeira, sempre uso o discurso aos meus alunos de que é melhor continuar, mesmo que esporadicamente, do que parar por completo e depois tentar retomar. O retorno é muito mais difícil do que o começo de aprendizado de qualquer modalidade. Envolve muito desprendimento em aceitar que seu corpo não é mais o mesmo; que vai demorar a ter novamente as habilidades e qualidades físicas que tinha; que os colegas de treino desenvolveram muito e que agora não é possível acompanhá-los na mesma intensidade de antes; além das dores, que o iniciante empolgado nem sente, mas o veterano...
         De volta ao tema, decidimos assistir à maratona no domingo para testemunhar a almejada conquista. Em torno de quatro horas depois da largada, num sol escaldante das onze da manhã, entre inimagináveis diferentes expressões faciais de pessoas completando os mais de 42 quilômetros, lá vinha ela: correndo com um olhar sereno de quase sorriso, introspectiva e sozinha, a poucos metros de me fazer entender ainda mais a frase do pacifista pastor, que trago para minha vida e tento passar aos meus:

“Se não puder voar, corra.
Se não puder correr, ande.
Se não puder andar, rasteje,
mas continue em frente de qualquer jeito.”

Depois de presenciar aquela chegada emocionante, cada dia que a preguiça bate, e eu a venço, lembro-me de agradecer em pensamento à Dona Elza e ao Nobel da Paz, Martin Luther King Jr.