A Mulher na Capoeira Regional.
Texto de Mestre Cafuné
A mulher sempre teve
uma presença ativa na capoeira e na vida do nosso saudoso Mestre Bimba. É
sabido que foi grande o número de ajudantes, namoradas, companheiras, esposas e
filhas que permearam toda a trajetória do Mestre. Ele nunca dispensou a
presença da figura feminina em seus trabalhos diários (...).
Também
como capoeiristas, o Mestre algumas vezes tentou introduzi-las em suas aulas. É
certo, porém, que nenhuma turma de alunas chegou ao final do curso. Os motivos
foram sempre os mesmos para a interrupção das aulas: interferência dos
namorados, que por ciúme as impediam de continuar; o envolvimento sentimental
entre os alunos e as alunas, muitas vezes gerando a gravidez da colega; o
casamento de outras etc. Enfim, sempre a figura masculina se interpondo nos
caminhos das Tijubinas, que era como o nosso Mestre as nomeava.
Na década
de 1960, exatamente nos anos 67 e 68, a última turma que temos registro era
composta por quatro mulheres:
- Marinalva Nascimento Machado, a
Rosa Rubra, uma das filhas do Seu Bimba, ainda hoje praticando a capoeira com
seu irmão Mestre Nenel;
- Zilá, a Branca de Neve, que
namorou o aluno Valmório Lacerda, o Bolão, depois casou-se com ele, atualmente
é Advogada e têm prestigiado a Fundação Mestre Bimba com sua presença nos
eventos e até nos presenteou com uma valiosa coleção de fotos de nossa Academia
na década de 1960.
- E outras duas mulhers: Virgínia
e Ajurimar Tanajura.
Além
dessas capoeiristas, outras mulheres foram muito importantes na vida do seu
Bimba, como é o caso de Dona Anita, que com dezessete anos de idade conheceu
Mestre Bimba e foi a mulher que o levou ao altar na igreja de Santana, no
bairro do Rio Vermelho, em Salvador.
Já
Alice Maria da Cruz, a dona Alice, foi uma das mulheres que mais tempo estiveram
ao lado de seu Bimba. Nos idos de 1967, quando ingressei na capoeira, ela era
uma pessoa muito importante para a união de nosso grupo, com seu jeito meigo e
simples de nos tratar, cuidava das nossas roupas de treino, dava conselhos,
acompanhava nossas dificuldades ou pequenos
problemas particulares e até intercedia junto ao Mestre quando tínhamos
receio de chegar a ele com algum assunto mais delicado. É Mãe de Santo de Candomblé de Caboclo e era
uma das moças que fazia parte do grupo de samba de roda que Seu Bimba apresentava
junto com sua capoeira. Tinha uma voz de
contralto muito afinada que se destacava no comando do coro. Ela foi quem criou as crianças Nenel e
Nalvinha por desejo do Mestre quando de sua separação de D.Berenice.
Quando
Mãe Alice chegou na vida de Bimba mais duas mulheres já o acompanhavam:
- Berenice (Bena), mãe de Manoel
Nascimento Machado, o Mestre Nenel, e de Marinalva Nascimento Machado, a
Nalvinha; e
- Nair, mãe de Demerval dos
Santos Machado, o Mestre Formiga, falecido no ano de 2003, e Luiz Lopes Machado,
o Luizinho, hoje em Goiás, que como Mestre de capoeira procura dar continuidade
ao trabalho de seu pai. (...)
Além
dessas informações passadas pelo eterno discípulo de Bimba, o Mestre Cafuné,
vale destacar o papel fundamental das Tijubinas nos registros fonográficos,
participando e dando a “impressão digital” das cantigas da Capoeira Regional.
Saiba
mais sobre as Tijubinas na palestra com a Mestra Preguiça, lenço branco da
Filhos de Bimba Escola de Capoeira. Inscrições no link: http://bit.ly/capoeiraregional