terça-feira, 3 de abril de 2012

Coluna Fala Capoeira 2012 04 04

Os “Tigres”

            No início do século XIX, o Brasil não possuía sistema algum de tratamento dos resíduos das casas. No Rio de Janeiro, viajantes descreviam a situação como deplorável: eram ratos aos milhares; fezes e urina jogadas pela janela sem preocupação com quem passasse por baixo; muita proliferação de insetos e ainda o calor enorme. O cenário perfeito para a propagação de inúmeras doenças. Os “cientistas” da época não permitiam nem o uso de fossa, pois afirmavam que o lençol freático era muito próximo e poderia ser contaminado.
            A única opção era jogar os resíduos no mar, tarefa que, obviamente, sobrara aos cativos. Latas enormes eram carregadas e por vezes derramavam sobras dos excrementos nas próprias costas. A ureia e a amônia, contidas na urina, em contato com o sol, produziam marcas malhadas nos corpos de tal modo que os negros impostos nessa função recebiam o apelido de “Tigres”.
            Há relatos de atividade dos “Tigres” até 1860, no Rio de Janeiro, e até 1882, no Recife, e isso é argumento para alguns estudiosos que tentam justificar a demora da instalação das redes de saneamento no litoral brasileiro.
           
Língua Brasileira

            Um dos motivos da Língua Portuguesa de Portugal ser muito diferente da Língua Portuguesa do Brasil é o fato de aqui ter acontecido um confronto entre o idioma europeu com as línguas bantas e indígenas.
            A professora Yeda Castro, pesquisadora do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros em Línguas e Culturas da Universidade do Estado da Bahia, assinala algumas características marcantes dessa influência: a pronúncia rica em vogais (ri.ti.mo, a.di.vo.ga.do); a nossa sintaxe – tendência a não marcar o plural do substantivo (os menino, as casa, dez hora); a dupla negação (não quero não); o emprego preferencial da próclise (me dê, eu te disse); e a troca de palavras usadas em Portugal pelas usadas nas tribos e aldeias africanas ou indígenas, tais quais usamos: “Caçula”, em alusão ao filho mais novo em vez de “Benjamim”; “Capenga” por “Coxo”; “Cachaça” em vez do europeu “Aguardente”; “Cochilar” por “Dormitar”; “Xingar” por “Insultar”; “Dengo” por “Mimo”; “Marimbondo” por “Vespa”, entre outras.
Fica a dica do livro da Professora Yeda Pessoa de Castro: Falares Africanos na Bahia (ABL/TOPBOOKS.2001).


Roda da Vela

            Não esqueçam: amanhã (05/04) acontecerá a Roda da Vela no Centro de Artes Marciais (CAM). Será às 20h. Cada participante deverá trazer uma vela e um recipiente (pires). Após a roda, haverá distribuição de canjica.
            O intuito é, tão somente, jogar Capoeira num clima diferente e rústico. O jogo das sombras nas paredes também contribui para a formação de um cenário inesquecível. Participe!

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