segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Atualização 2016 02 22

Reunião do Colegiado de Mestres


No próximo sábado, acontecerá mais um encontro do Colegiado de Mestres de Santa Catarina. Será em Itajaí, às 14h.
Convênio 2016

Está tramitando entre a Prefeitura e a Câmara de Vereadores o projeto para que seja firmado o convênio para aplicação de aulas de Capoeira em Biguaçu.

Mais informações em breve.

Roda de Verão

           Leia e assista à matéria sobre a roda de verão do Projeto Capoeira na Escola realizada Praia de Palmas, Governador Celso Ramos.

http://portalgovernadorcelsoramos.blogspot.com.br/2016/02/em-palmas-grupo-de-capoeira-realiza.html


Toques de berimbau da Capoeira Regional: Amazonas

* Em relação à origem do nome, Mestre Nenel afirmou que Mestre Bimba não deixou nada registrado e nem falava sobre as nomenclaturas que usava; mas, certamente, não foi uma homenagem ao estado do Amazonas;
* Neste toque não há cantigas;
* Raramente era tocado, e as poucas vezes que o Mestre Bimba tocava era para uma auto-satisfação ou para jogo de capoeiristas veteranos, por ser um toque com uma cadência diferente, portanto, difícil de demonstrar uma harmonia entre jogadores e o ritmo quando o jogo era de iniciantes;
* Não era exclusivo para jogo de formados (Iúna sim) e nem para recepção de convidados;
* Atualmente, há quem faça uso do toque para jogo com imitação dos movimentos dos animais da floresta amazônica, mas isso não faz parte do trabalho de Mestre Bimba;
* O toque do pandeiro é diferente dos demais toques da Capoeira Regional.

Toques de berimbau da Capoeira Regional: Banguela
(Revisão de texto: Chamada na ‘Benguela’)

Fui a um evento de um amigo de longa data e vivenciei, pela segunda vez em todos os meus vinte e sete anos de capoeiragem, alguém fazer uma chamada (passo a dois) no toque de ‘Benguela’. A primeira vez foi há uns vinte anos; na época eu não tinha o senso crítico de hoje, tirei uma onda do camarada e ficou por isso. Agora, nessa segunda vez, não posso me furtar de escrever algumas reflexões, sob pena de ser conivente com as diversas reações dos capoeiristas também presentes e de negar o meu convívio com a Turma de Bimba.
Após um tempo de andamento, o toque pedido para a bateria foi “Benguela”. Os instrumentos estavam dispostos da seguinte forma (dir. p/ esq.): agogô; atabaque; três berimbaus e dois pandeiros. Houve uma rápida troca de informações entre os componentes da bateria, pois quem estava no berimbau grave (Berra-boi) é defensor da Capoeira Angola; portanto, distanciado por opção de um toque derivado da Capoeira Regional. Vendo o impasse, alguém disse: “É o toque de Angola com mais uma batida da nota presa (com a pedra).”.
Parece uma pergunta batida, mas é necessária para esse texto: “É Banguela ou Benguela?”. Mestre Toni Vargas sugere, em seu último disco, perguntar a Seu Bimba. Sintetizo essa sugestão no fato de olhar a capa do disco de Mestre Bimba - Curso de Capoeira Regional - e constatar que ali está escrito “Banguela” (com ‘a’). Alguns até cometem a injúria de dizer que Mestre Bimba queria dizer “Benguela”, mas não o fez por questões de dificuldade de pronúncia. Mestre Bimba, com a assessoria de seus alunos universitários, que dialogavam até sobre a melodia e o encaixe das letras nas quadras, permitiria um “erro gráfico” em seu disco? Penso eu que não. Assim, para o Mestre e criador do toque, era Banguela mesmo.
Mestre Nenel, confirma e acrescenta que o toque de Banguela não é “o toque de Angola com mais uma batida da nota presa”; demonstrando, com fidelidade ao disco, a base do toque como sendo: “um chiado, uma solta (sem a pedra) e apenas uma presa (com a pedra)”. Segundo ele, desde que seja harmonioso com o que está na gravação de Mestre Bimba, tudo o que vem além da base citada seria variação do toque criado por seu pai.
A visão holística de Mestre Nenel permite afirmar que o toque de Benguela (com ‘e’) até existe, mas que não foi criado por Mestre Bimba. Alguém misturou o toque de Angola com variações da Banguela; permitiu tocar numa bateria; e, para completar denominou a sua criação de Benguela.
Vale destacar que os toques da Capoeira Regional – Banguela, Idalina, São Bento Grande, Amazonas, Iúna, Santa Maria e o Hino - são tocados apenas em charanga: um berimbau e dois pandeiros.
A Capoeira é essencialmente dialética e dinâmica; e por ser uma manifestação que se espalhou pelo mundo muito recentemente, recebe milhares de análises em seus diversos aspectos – teórico, técnico, didático, tático, filosófico etc. - e cada uma delas baseada na realidade de cada norteador de um trabalho (entenda-se: Mestre, Professor, Instrutor etc.). Até aqui, vemos a fortaleza da Capoeira: a junção dos diversos pontos de vista que fazem com que ela não seja monopolizada em única verdade; e, sim, descentralizada em diversas faces de uma mesma manifestação. O que não é salutar é a imposição de uma verdade em detrimento de outra, gerando a perda de criatividade e a estabilização dos conhecimentos.
Desta forma, é difícil dizer que algo é errado na Capoeira. Como “condenar” (com risos, espanto etc.) o cidadão que fez uma chamada no toque de “Benguela” tocado numa bateria de Capoeira Angola? Eu prefiro deixá-lo com a sua verdade.


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