O ‘desserviço’ de FHC
Partindo da ideia de que “omissão é conivência”, sinto-me obrigado a escrever sobre a questão da legalização da maconha, já que a intervenção do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso (FHC), através da produção de um documentário (a ser exibido nos cinemas), trouxe à tona a discussão sobre esse tema tão polêmico.
A argumentação do filme é a de que a guerra ao tráfico não está sendo vencida, e que por isso a descriminalização seria o caminho mais adequado. Baseiam-se, os produtores, em dados de países desenvolvidos que doam pequenas porções aos usuários; têm locais para uso e não criminalizam o consumidor final, tratando-o apenas como doente.
Vários pontos merecem considerações:
· Anos atrás, Fernando Gabeira foi rechaçado pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso quando levantou a bandeira pela legalização da maconha;
· O Brasil, país em desenvolvimento, ainda não pode usar a experiência de países ricos e desenvolvidos que têm sistemas de saúde e de segurança mais eficientes que os dele;
· O usuário, além de doente, é o principal alimentador do tráfico; portanto, deve, sim, ser tratado como doente, mas também pode muito bem pagar pelo delito com penas alternativas (trabalhos sociais), dessa forma ele não oneraria o sistema carcerário e traria benefícios à sociedade;
· Após a tomada dos principais pontos de tráfico no Rio de Janeiro - operações muito divulgadas pela imprensa internacional - fica desconexa a aceitação de que o tráfico está vencendo a guerra contra as drogas. Aliás, não será com a doação de pequenas porções aos “doentes” que essa guerra será vencida; mas, sim, com a educação de base. Vejamos o exemplo da proibição da veiculação de belas imagens e pessoas bonitas nas propagandas de cigarro trocadas pelas mensagens dos danos certos à saúde do consumidor que trouxe relevante diminuição do tabagismo;
· Reforçando o item anterior: Sessenta mil pessoas (população aproximada de Biguaçu) morrem por ano no Brasil em acidentes de trânsito causados por embriaguez; duzentas mil pessoas morrem vítimas de doenças relacionadas ao tabagismo. Logo, já temos essas catástrofes, vamos querer mais?
· A legalização certamente não deixará a maconha mais barata. Pelo contrário, com a inclusão dos impostos, ela se tornará ainda mais cara, fazendo com que o comércio ilegal se perpetue. Lembremos que álcool e cigarros, mesmo sendo lícitos, são contrabandeados (uma forma de tráfico) há anos;
· A busca pelo proibido encanta tanto o homem que encontra amparo até em “Adão e Eva e a Maçã”; ou seja, legaliza-se a maconha e fortalece-se o tráfico de outras drogas, como a cocaína, o crack e o recente óxi.
Concluindo: por ser representante da Associação Cultural Capoeira na Escola, que tem no seu Estatuto Social o combate às drogas, só posso descrever a ação de FHC e dos simpatizantes dessa sua contraditória empreitada como um desserviço à sociedade.
O chicote do homem II
Na coluna anterior, escrevi sobre a mudança de atitude do rapper MV Bill e no final mandei um salve para Mano Brown. Algumas pessoas interpretaram como sendo do líder do Grupo Racionais MCs aquela reflexão.
Escrevo agora para dizer que o texto é meu (Tuti) e que apenas citei Brown como forma de elogiar a conduta dele de nunca ter se vendido para a Globo.
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