terça-feira, 22 de março de 2011

Coluna Fala Capoeira 2011 03 21

Obama e a Capoeira

            Comprovadamente, a Capoeira é uma grande embaixadora do Brasil. As crianças da Cidade de Deus, comunidade carioca, transferiram muita emoção na recepção à família Obama, e em troca elevaram suas autoestimas ao ponto de aquela apresentação ser crucial para a definição de seus futuros. E a Capoeira é o eixo.

O Crime de Sharpeville

(...) Há 51 anos (21 de março), 69 crianças, mulheres e homens negros foram assassinados em praça pública pelo exército sul-africano no bairro de Sharpeville, na cidade de Johannesburgo. Motivo: terem saído às ruas, pacificamente, para reivindicar a extinção da Lei do Passe, que os obrigava a portar cartões de identificação com o registro dos locais por onde lhes era permitido circular. ‘O Massacre de Sharpeville’ motivou a instituição do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Uma data que o Brasil, a maior Diáspora Africana do continente americano, tem razões, infelizmente, para relembrar.
O Governo Brasileiro, em articulação com a sociedade civil organizada, tem dado passos largos para desestabilizar a mentalidade que constrói tragédias como a de Sharpeville. As políticas de ações afirmativas, que elevaram consideravelmente o número de negros e negras nas universidades públicas, e a sanção do Estatuto da Igualdade Racial, marco histórico para a construção da igualdade de oportunidades entre negros e não-negros, são dois dos mais recentes passos da política de inclusão para o acesso aos bens econômicos e culturais do País. (...)
O caldo de cultura que baseia ataques racistas à identidade de descendentes de africanos está, sem sombra de dúvida, entrelaçado com o perfil dominante das mortes violentas no País, que vitimam, em sua maioria, jovens negros, segundo estudos sobre violência urbana da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O mesmo caldo que motivou o assassinato dos jovens sul-africanos. (...).

* Trecho do artigo de Elói Ferreira de Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, publicado originalmente no Correio Braziliense, sob o título: “O crime de Sharpeville”.

Racismo Científico*

          No século XIX, com o colapso previsível da escravidão, preocuparam-se as elites em dissolver o regime servil sem comprometer as estruturas produtivas, baseadas na monocultura e no latifúndio. Refletiam também, sobre como lidar com o fim de uma sociedade em que as hierarquias sociais estavam firmemente assentadas no estatuto de pureza de sangue e na escravidão, que excluíam da cidadania todos os não-europeus, aqueles que não se auto consideravam brancos, fidalgos, católicos, ricos e seus agregados.  
          Com o auxílio das ciências, a solução deste dilema deu-se através da racialização do diferente. Afirma Liliam Schwarcz que foi a partir do Instituto Politécnico, Museus Etnográficos, Faculdades de Medicina e de Direito que começou a ser difundido no país o racismo científico de Lapouge, Lambroso e Gobineau.
            O problema-negro deixava de significar a superação da escravidão para se tornar a remoção de um obstáculo ao progresso e a civilização da nação brasileira.
            Nesta visão, ‘Raça’ deixou de estar relacionada à fé e a família para ser um instrumento de classificação de espécie, em especial dos seres humanos, tendo como fundamento a biologia (Schwarcz, 1993).

Trecho da Monografia de Fernando Bueno:
 “A Origem da Capoeira em Florianópolis” (1997).

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